Reportagem A Notícia - Residência Terapêutica 28-01





Enfim, um lar fora do hospital

Com equipe pronta, residência terapêutica já pode abrir as portas em Joinville

Com a contratação de uma organização não-governamental para manter a primeira moradia do Estado destinada a pessoas que vivem há anos em instituições psiquátricas, a Prefeitura de Joinville afinal resolveu o principal entrave à iniciativa. Agora, a expectativa é que em pouco mais de um mês os oito moradores passem a morar na casa no bairro Anita Garibaldi, na região central. Nesta semana, começou a entrega da mobília comprada com R$ 10 mil do Ministério da Saúde. A Prefeitura avalia a possibilidade de inaugurar em março a casa, chamada de residência terapêutica.

O contrato com o Albergue de Integração Social Um Novo Dia foi fechado em dezembro. A ideia é que a ONG contrate o pessoal para manter a casa alugada pela Prefeitura e forneça a alimentação dos moradores. Para isso, receberá R$ 20 mil mensais. O setor de saúde mental da Secretaria Municipal de Saúde selecionou os funcionários há duas semanas. São oito, entre cuidadores e zelador. A seleção ficou a cargo do Serviços Organizados de Inclusão Social (Sois), da secretaria, que vai fiscalizar a atuação da ONG.

Segundo o terapeuta ocupacional Alexandre Brock, responsável pela ONG por coordenar o trabalho, os funcionários foram escolhidos entre indicações e interessados no trabalho. “Ser cuidador vai além da questão técnica, tem que ser um bom ser humano. Eles vão lidar com pessoas que apanharam, foram presas, passaram muito tempo sem reconhecer as próprias vontades”, descreve. Ele é voluntário na ONG, mas será remunerado pelo serviço na casa.

A Prefeitura abriu cinco licitações até fechar contrato com o albergue. Outra dificuldade foi a escolha da casa. Depois, a Prefeitura teve de manter o aluguel de R$ 3,7 mil por quase um ano até conseguir a parceria. Apesar de a abertura da casa ser um projeto antigo de técnicos da secretaria, a ideia só foi levada à frente após recomendação do Ministério Público de SC.

Em Joinville, há duas pessoas internadas na ala psiquiátrica do Hospital Regional Hans Dieter Schmidt há quase três anos, simplesmente porque não têm para onde ir. Eles vão morar na casa. Há outras três pessoas vivendo em pensões com auxílio do município, além de dois moradores da antiga Colônia de Santana, em São José. Todos perderam contato com a família ou não têm familiares em condições de ajudá-los.

Assim que abrir as portas, a casa será a primeira experiência catarinense custeada pelo poder público. Nos arredores do Instituto de Psiquiatria de SC (IPQ), que substituiu a colônia, há casas de moradores, mas mantidas por eles.

camille.cardoso@an.com.br
CAMILLE CARDOSO
Veja no site:http://www.clicrbs.com.br/anoticia/jsp/default2.jsp?uf=2&local=18&source=a3190090.xml&template=4187.dwt&edition=16382&section=2003

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